O obreiro: separação para a obra de Deus

 
Por Alberto Espigari Trink

Fonte:

In Refrigério n.º 78
(Julho/Agosto 2000)

 
Em Actos 13:1-3, lemos: "Havia na igreja em Antioquia profetas e mestres: Barnabé, Simeão, por sobrenome Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes, o tetrarca, e Saulo. E servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e impondo sobre eles as mãos, os despediram".

1. DISSE O ESPÍRITO SANTO... Observemos que após o Espírito Santo ter chamado os servos (os tenho chamado), Ele fala com a Igreja a respeito desse chamamento e a Igreja por sua vez tem a responsabilidade não somente de discernir a acção do Espírito Santo, como também, de obedecê-Lo. Não é nenhuma brincadeira separar alguém para a obra, ao contrário, é algo de muita responsabilidade. A igreja local só perceberá a acção do Espírito Santo quando estiver vivendo em sintonia com Ele. Observem: Servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo. É possível que uma igreja local cumpra o dever de se reunir, e com as suas actividades indispensáveis, mas não viverá a verdadeira comunhão com Deus se não tiver condições espirituais de perceber a actuação do Espírito Santo. Tal igreja local estará em mornidão.

2. SEPARAI-ME AGORA... É de suma importância notarmos que a igreja local é que separa o obreiro para a obra a que o Espírito Santo o chamou. Vemos que em primeiro lugar o Espírito Santo chamou a Paulo e Barnabé, e depois de os chamar, Ele falou a Igreja ordenando-a (separai-me) a recomendar esses servos à obra de Deus. A igreja local nunca deverá agir se não tiver certeza da ordem do Espírito Santo.

3. SERVINDO ELES AO SENHOR... Deus sempre chama aqueles que estão activos na Sua obra. Às vezes temos pouco tempo para nos dedicar ao trabalho de Deus devido as nossas actividades seculares, mas se no pouco tempo que temos, ao sermos fiéis, podemos ter certeza de que Deus nos confiará mais. Vejam Lucas 16:10: Quem é fiel no pouco também é fiel no mundo; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito.

Na verdade o Senhor precisa de pessoas fiéis que dêem todo o seu tempo à Sua obra. O Senhor Jesus pediu-nos que orássemos nesse sentido. Vejam o teor da oração em Mateus 9:38: Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara. Temos que pedir a Deus trabalhadores, servos que irão se desgastar na Sua obra. Portanto, a igreja local não pode recomendar à obra um irmão que não seja trabalhador.

Como povo de Deus, nós temos responsabilidades para com aqueles irmãos que se desgastam na obra de Deus, conforme lemos em 1 Tessalonicenses 5:12-13: Agora, vos rogamos, irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós... e que os tenhais com amor em máxima consideração, por causa do trabalho que realizam.

Quando um irmão apresenta à igreja local o seu desejo de dedicar todo o seu tempo à obra, ela deve buscar a direcção do Espírito Santo. Deve se lembrar que as Suas instruções já estão na Bíblia e precisam ser cumpridas, a saber:

A) - O servo em questão deve preencher as qualidades exigidas na Palavra de Deus conforme 1 Timóteo 3:2-7: ... É necessário que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar; não dado ao vinho, não violento, porém cordato, inimigo de contendas, não avarento; e que governe bem a própria casa, criando os filhos sob disciplina, com todo o respeito... não seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra em condenação do diabo. Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo. O leitor poderá, ainda, consultar a carta de Paulo a Tito 1:5-9.

B) - O servo em questão deve ser experimentado (sejam estes primeiramente experimentados). A palavra traduzida por experimentados significa, no original, "provar por meio de testes". Como Igreja não podemos recomendar à obra um irmão que não esteja demonstrando suas habilidades na igreja local. Uma decisão precipitada deve ser evitada nesta área: A ninguém imponhas precipitadamente as mãos... (1 Timóteo 5:22).


RESPONSABILIDADES DA IGREJA

1. IDENTIFICAR-SE COM O OBREIRO. Em Actos 13:3, lemos: ... e impondo sobre eles as mãos os despediram. O acto de impor as mãos era uma identificação com os obreiros quanto ao chamado do Espírito Santo. Os irmãos estavam confirmando que estariam juntos com os servos chamados na realização da obra de Deus. É muito lindo ver as igrejas envolvidas com os obreiros na divulgação do Evangelho.

2. ENVIAR OFERTAS PARA O OBREIRO. As ofertas não são um privilégio somente da igreja local que recomenda, mas todas a igrejas de Deus devem contribuir para os obreiros, tanto no seu sustento como para o sustento da obra que fazem. Observem o relato de Paulo aos Filipenses 4:15-17... no início do evangelho, quando parti para Macedônia, nenhuma igreja se associou comigo no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros; porque até para Tessalónica mandastes não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades... Devemos observar que a igreja em Filipos estava associada ao apóstolo Paulo, no seu ministério, como um servo que vivia pela fé. O sustento vinha de onde Deus queria. Que as igrejas do Senhor sejam despertadas para estarem no campo acompanhando e sustentando o trabalho feito pelos poucos servos que temos.

3. ENCAMINHAR OS OBREIROS QUE VIAJAM. Quando Apolo queria percorrer a Acaia, os irmãos o animaram e até escreveram cartas para que os discípulos o recebessem: Querendo ele percorrer a Acaia, animaram-no os irmãos e escreveram aos discípulos para o receberem... (Atos 18:27). O apóstolo João aborda este mesmo assunto e nos exorta a cuidarmos dos obreiros que nos visitam encaminhando-os em sua jornada por modo digno de Deus... (3 João 5-8). A mesma palavra aparece na carta de Paulo a Tito 3:13: Encaminha com diligência Zenas... e Apolo, a fim de que não lhes falte coisa alguma.

Em resumo, aprendemos que as igrejas locais devem ter uma grande preocupação em seguir a orientação da Palavra na hora de recomendar um obreiro. Devem se associar a ele no ministério enviado ofertas e, ao mesmo tempo, devem contribuir com os servos de Deus que as visitam para que eles tenham condições de prosseguir em sua jornada.

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